Jorge Guimarães
As facilidades exageradas, juntamente com a publicidade mais agressiva promovidas pelas empresas, causam o fenômeno de superendividamento do consumidor. Diante do fato de que o povo é guiado pelo poder das imagens, o marketing agressivo força a venda dos produtos e envolve o consumidor de tal forma que fica difícil fugir do chamativo das publicidades. A situação piora na medida em que as camadas sociais mais desprovidas de recursos se submetem à propaganda enganosa, por exemplo, quando aceitam a oferta de pagamento parcial do cartão de crédito, imaginando obtenção de vantagens. As promoções são outra artimanha usada pelo mercado, assim muitos consumidores, diante da possibilidade anunciada de pagar mais barato, se rendem às compras não programadas, sempre que tem promoções e liquidações.
Quitar dívida
E mediante as facilidades de créditos muitos consumidores acabam endividados. Além desta preocupação, o 2017 já chega batendo as portas com vários impostos e despesas com matrículas escolares. Para muitos brasileiros é hora de refazer as contas para não entrar o ano devendo, então como melhor aplicar a primeira parcela do 13º que deve ser depositada na conta do trabalhador até hoje, para quem não pegou metade durante as férias. A segunda parcela, na qual incidem os descontos de INSS e IR, deve ser paga até o dia 20 de dezembro.
Há os que irão pagar as contas, outros que investirão em um bem de consumo e ainda os que gastarão com presentes e festas de fim do ano. Porém, se alguém está pensando em torrar o 13º é bom rever as intenções porque especialistas orientam a utilizar este dinheiro extra da forma correta para que o conhecido ciclo do endividamento não volte a girar no início do ano.
Para quem está no vermelho, seja no cartão de crédito ou cheque especial, o 13º deve ser utilizado para quitar dívidas.
— Porque no Brasil a taxa de juros é muito alta e onera bastante. Isso faz com que as famílias percam capacidade de novas aquisições — avalia o especialista em Finanças Célio Tavares.
Ele lembra que ao utilizar o dinheiro extra para pagar estas contas, a pessoa está diminuindo o pagamento dos juros.
Plano Real
Ao falar sobre o assunto, Célio Tavares lembra que a partir do ano de 1994, com a implantação do “Plano Real”, as classes C e D, que não tinham acesso ao cartão de crédito, passaram a tê-lo e o mesmo tornou-se popular. Este foi um dos incentivos do governo, segundo ele, para aumentar o consumo e evitar a queda da economia.
— Mas o governo pecou numa coisa que seria o óbvio, a falta de uma “política de conscientização” para o uso do crédito. Para se ter uma ideia, hoje em dia, a média de juros no cartão de crédito bate perto dos 500% ao ano. Isso sem falar no cheque especial, outro vilão, está com os juros num patamar equivalente. Então é melhor quitar as pendências para entrar o ano mais tranquilo — explica.
Dica
Célio Tavares recomenda para quem não tem condição de quitar as dívidas pode ir ao banco e fazer, por exemplo, uma operação bancária denominada “Crédito Direto ao Consumidor”, que tem juros bem menores.
— Assim, dá para quitar a dívida de juros mais altos e não comprometer, em muito, o salário do trabalhador— define, Célio Tavares.
Consumidor
O tempo de crise obrigou muitas pessoas que estão largando seu lado consumista para pensar mais na sua parte financeira.
— Deixei meu cartão de crédito de lado, pois comprava além da conta. Depois é que eu notava o quanto de produtos que eu nem chegava a usar. Aí vinha o arrependimento. Vou utilizar uma parte do 13º para pagar as contas e entrar o ano mais tranquila — revelou a cozinheira Conceição Aparecida.