E com P maiúsculo. O desabafo de Cleitinho Azevedo sobre os “bastidores podres” da política brasileira, não só mostra a frustração das pessoas de bem com os seus representantes nos mais diversos cargos, mas escancara a realidade do que acontece, de fato, nos Poderes Executivo e Legislativo. Foi em discurso na Tribuna, que o senador trouxe a verdade à tona, ao reclamar dos seus projetos “encalhados” nas comissões do Senado, e da reação de alguns deputados do PDT com a exoneração de Carlos Lupi, filiado ao partido, do Ministério da Previdência, após o escândalo das aposentadorias de idosos, no INSS. Cleitinho se referiu aos parlamentares que decidiram deixar a base do governo Lula (PT) após a saída de Lupi. Ou seja, uma retaliação por “perder a mamata”. Talvez, isso nem ocorra, mas na cabeça dos já acostumados aos “arranjos”: apoio em troca de algo, vai acontecer exatamente isso.   Surpresa? Nenhuma. Novidade é um político ter coragem de “tocar o dedo na ferida”, mesmo no meio da “corja”. O que só confirma que, embora muitos critiquem, Cleitinho é, sim, diferenciado! 

Racha no partido 

O desembarque do PDT do apoio ao governo por parte dos deputados foi confirmada na última semana, o que criou um racha na bancada na Câmara. Menos mal é que na contramão, a bancada da sigla no Senado, que emitiu um comunicado afirmando que se manterá na base do presidente Lula.  Dentro da sigla na Casa vizinha, a demissão de Lupi foi recebida como o ápice de um processo de fritura público e um “desrespeito” ao partido. E com as vítimas de desvios de dinheiro de aposentadorias e pensões? É o quê? Quer dizer que as legendas e seus representantes são intocáveis mesmo em situações criminosas como esta, mas os outros “que se danem”? Zero supresa! O próprio umbigo vem primeiro. É exatamente desse bando aí que Cleitinho se referia. Quanta hipocrisia, para não dizer outra coisa.  

Envolvidas no esquema 

E dentro deste escândalo vergonhoso do INSS, a Advocacia-Geral da União (AGU) solicitou à Justiça Federal a inclusão de mais seis empresas e oito pessoas físicas na ação cautelar contra associações investigadas pelos descontos irregulares.  A decisão só amplia o bloqueio de bens e contas já determinado anteriormente. As empresas  incluídas teriam intermediado o repasse de vantagens indevidas a servidores públicos ligados ao INSS, em uma engenharia financeira que sustentava o esquema fraudulento.  Com base na Lei Anticorrupção, além do bloqueio de bens e contas, a AGU solicita a suspensão das atividades financeiras e o levantamento dos sigilos bancário e fiscal dos novos investigados. Ótimo que  coisa esteja andando, mas muito pouco ainda, diante do que foi praticado: do crime, da covardia. A expectativa é pelas prisões. 

Bíblia, boi e bola 

Enquanto Cleitinho se diz desanimado, o que pode até culminar na desistência de uma possível candidatura ao governo de Minas,  tem gente voltando de olho em 2026.  Muitos podem não acreditar, mas o principal articulador do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, Eduardo Cunha, movimenta sua estratégia de volta à política com o tripé Bíblia, boi e bola. Agora na nova investida, o ex-deputado federal escolheu Uberaba, no Triângulo Mineiro, como sua base eleitoral. Cunha tem investido em rádios evangélicas no interior de Minas Gerais, mesma estratégia do início da sua carreira parlamentar no Rio, quando ganhou notoriedade. No entanto, seu foco agora é outro estado que não é o seu de origem: Minas Gerais. O carioca de 67 anos foi alvo da Lava Jato em 2016, ano em que foi cassado na Câmara. Em 2022, ele tentou se eleger deputado federal pelo PTB de São Paulo, mas teve apenas 5 mil votos. Filiado ao Republicanos, agora, quer lançar sua candidatura por Minas. O motivo é que o partido é forte no Estado, e além de diversos políticos em cargos, tem Cleitinho como referência. No entanto, o senador já criticou em discurso no Senado, a intenção de Cunha por ter sido condenado por corrupção. Durma-se com um barulho desse!

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