Muito além de disputas por ideologias políticas, a polarização trouxe um impacto significativo na saúde mental não apenas da população, mas também dos governantes. Manter-se no poder tem o seu custo e, na maioria das vezes, essa conta é bastante salgada. O debate, que antes era democrático, hoje está em um campo de confronto emocional e ideológico, que foi dividido entre “nós” e “eles”. Mais do que uma simples divisão de opiniões, esse fenômeno afeta diretamente o bem-estar das pessoas, cria rupturas em laços sociais e impactos profundos no psíquico. Tudo isso, claro, reflete na saúde do corpo como um todo. 

Concorrer a um cargo público é, provavelmente, uma das atividades mais estressantes em que uma pessoa pode se envolver. O sono, a alimentação e os momentos de lazer ficam prejudicados por meses. Como a campanha eleitoral não tem fim, mesmo após as eleições, o ambiente agitado e turbulento que marca o pleito não têm um fim. Envoltos em um cenário cada vez mais hostil e mais exigente da população, onde deve-se ser falado apenas o que o povo quer ouvir, caso contrário o “cancelamento” é certo, os governantes colocam até mesmo sua saúde em risco para se manter no poder. Mas, a questão é: vale mesmo isso tudo? 

Uma crise de pânico e um possível infarto marcaram a Câmara de Divinópolis nesta semana. A 24ª e a 25ª legislatura também tiveram os seus casos onde vereadores deixaram o plenário nas ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), e precisaram se afastar para cuidar da saúde, comprovando que a polarização não é mais apenas sobre discordância e pontos de vista diferentes sobre política. É como dizem por aí “atrás de morro tem morro”. Essa divisão política tem afetado o equilíbrio emocional e mental, e custado a saúde de quem está “no olho do furacão”. Perante tal contexto é impossível não questionar: vale mesmo tudo isso? Todos sabem que os governantes brasileiros estão longe de serem exemplos de trabalho e atuação, porém, é impossível não refletir sobre esta situação que tem se tornado cada vez mais rotineira no país: o poder vale mesmo tudo isso? Cada vez mais desgastante e violento, o cenário político do país piora a cada eleição, e não há sequer esperança de que este contexto mude. O destino é um só: cada vez mais adoecimentos por exaustão física ou mental, ou pela negligência com a própria saúde em decorrência da acelerada rotina. E, mais uma vez, vem a pergunta: vale mesmo? 

Especialistas apontam que a polarização ativa o sistema de resposta a ameaças, gerando um estado constante de alerta e tensão. Psicologicamente, esse estado é intensificado pela “bolha social”, promovida pelas redes digitais, que reforça a sensação de pertencimento a um grupo e cria a percepção de que o outro lado é o “inimigo”. Ou seja, quem está no olho do furacão. Para o  povo brasileiro tem mesmo valido tudo isso? Cientes de que nenhum dia é igual ao outro, obstáculos podem vir de qualquer direção e não há tempo para pausas nem espaço para erros, já é de se esperar que esse ritmo traga consequências para a saúde das pessoas envolvidas nessa atividade. Não há sequer sinais de melhorias, e permanece o questionamento: vale mesmo a pena pagar essa conta salgada apenas em nome do poder?

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