Rasa, fútil, desnorteada e totalmente sem rumo. Talvez essa frase resuma bem a sociedade atual, afundada em um ego sem fim. Impressionante o comportamento de boa parte da população, e o pior: sem perspectiva de melhoras.   Uma necessidade de aparecer, de perpetuar no poder, de postar tudo e, principalmente, de fazer mudanças drásticas no comportamento, apenas para seguir um modelo lastimável, que se vê em especial, nas redes. E tudo isso, por quê? Medo de não ser notado, cancelado… Nem que para isso precise ser hipócrita, atacar o próximo sem nenhuma justificativa, passar por cima do outro, sem dó nem piedade, e por aí vai. Mas, que modelo de sociedade é este? Que consegue moldar as pessoas, cegá-las ao ponto de acreditarem que o errado é o certo? Muito provável que ninguém tenha uma resposta adequada para um comportamento que caminha para um buraco tão profundo, de onde não se consiga mais sair. É onde a política está e, aos poucos, arrasta todo mundo junto. 

Fundo bilionário 

Precisa de exemplo mais factual sobre o dito acima, do que a derrubada do Congresso Nacional do veto do presidente Lula (PT), a respeito do fundo partidário? Um “roubo à mão armada”. Os nobres que dizem representar o povo —inclusos nessa leva, alguns aliados ao presidente, aprovaram um reajuste de R$ 164,8 milhões para o “gordo benefício” que mantém o partido. Com a aberração, o valor destinado à manutenção das siglas deve ultrapassar R$ 1,3 bilhão neste ano. E isso, num momento em que a maioria critica o governo federal, fala em crise econômica, gasto de dinheiro público. Engraçado. Quando se trata de benefício próprio, tudo está “a mil maravilhas”. Quanta hipocrisia. Isso mostra em quem os políticos pensam na hora de suas decisões. Quanta diferença dos discursos de campanha. Isso é bom para aqueles que seguem “o efeito manada”, analisarem com o ser humano que estão lidando. Ano que vem, tem eleições e a maior parte da bancada mineira na Câmara dos Deputados apoiou a derrubada do veto presidencial, mesmo com o governo se posicionando contra o reajuste. Veja a lista na página 3 e tire suas conclusões. Isso é, se a cegueira permitir. 

Reajuste incompatível 

O veto de Lula seguiu recomendação dos ministérios da Fazenda e do Planejamento, que consideraram o reajuste incongruente com o regime fiscal sustentável. A equipe econômica do governo federal chegou a propor um aumento limitado entre 0,6% e pouco mais 2%, dentro das regras do novo arcabouço fiscal, no entanto, a proposta foi rejeitada. A derrubada foi interpretada por deputados e senadores — escolhidos pelos eleitores na última votação— como uma sinalização de força do Congresso diante das decisões presidenciais, que sofreu derrotas importantes na Casa nos últimos dias. É exatamente assim que funciona. Se vangloriam de vencer seu adversário, numa forma de mostrar poder, mas o principal nocauteado é o povo. Esse, em sua maior parte, não entende, ou finge não vê. Outra parte, já “jogou a toalha”.

Diferença dos fundos

Os partidos brasileiros contam com duas fontes de recursos públicos para financiar as campanhas dos candidatos nas eleições: o Fundo Especial de Financiamento de Campanha, também conhecido como Fundo Eleitoral, e o Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos, o Fundo Partidário. O  Partidário é destinado à manutenção dos partidos políticos e é distribuído mensalmente. Já o Eleitoral é voltado exclusivamente ao financiamento de campanhas  e é distribuído somente em anos eleitorais.  Como e não bastasse o Fundo Partidário surrupiar milhões do dinheiro público, os representantes da população — fonte da renda deles, esses mesmos que derrubaram o veto —, acharam pouco e, em 2017, aprovaram a criação do Fundo Eleitoral para compensar o fim do financiamento privado estabelecido em 2015 pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e que proibiu doações de pessoas jurídicas para campanhas políticas. Ou seja: sai de campo os empresários ricos, entra quem: o povo. Sempre ele, já calejado de tanta injustiça e crueldade. 

O único 

Ao mesmo tempo em que a maior parte das bancadas da Câmara e do Senado se vangloriou por ter derrubado o veto, apenas para atingir ao presidente, incluindo seus falsos aliados, teve quem se colocou contra e criticou a decisão. Neste caso, há de se dar méritos a Cleitinho Azevedo (Republicanos). Único senador mineiro a dizer não.  Carlos Viana (Podemos) e Rodrigo Pacheco (PSD) foram na contramão. Mais dois nomes de Minas a serem lembrados no ano que vem. Tomara que os eleitores, desta vez, não sofram de amnésia. 

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