Jorge Guimarães
Depois de crescer 16% em 2024, o setor automotivo em Divinópolis iniciou 2025 com um crescimento expressivo no número de licenciamentos de veículos. Nos cinco primeiros meses de 2025, foram registrados 1.722 emplacamentos, um aumento de 8,7% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram licenciadas 1.584 unidades. Os dados são do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos de Minas Gerais (Sincodiv-MG) e indicam um aquecimento do mercado local.
Tendência
O desempenho positivo segue a tendência de recuperação do setor, que fechou 2024 com um total de 4.044 veículos emplacados na cidade. Os carros de passeio representaram a maior parte desse total, somando 2.078 unidades.
— O crescimento reflete a maior confiança dos consumidores e o impacto de condições mais desenvolvidas no mercado automotivo, como taxas de financiamento atrativas e lançamentos de novos modelos. O cenário promete animar o setor e reforçar a importância do mercado de veículos na economia local — avalia o economista Leandro Maia.
Emplacamentos
Os dados registrados entre janeiro e maio deste ano, divulgados pelo Sincodiv, revelam uma movimentação estável, porém com variações que, na visão do economista, refletem diretamente o comportamento do mercado e a dinâmica econômica local.
— Janeiro, tradicionalmente, é um mês de maior volume de emplacamentos, puxado por fatores sazonais como a liberação do 13º salário, bônus de fim de ano e campanhas promocionais das concessionárias. Isso explica o pico de 382 licenças, sendo 192 de veículos de passeio, além do número expressivo de motocicletas, 124 no total, e mais 12 caminhões e 54 reboques — analisa Maia.
O economista ressalta que, apesar de uma leve oscilação, o mercado demonstra resiliência, com maio aparecendo como o segundo melhor mês, totalizando 349 emplacamentos, distribuídos entre 183 veículos leves, sete caminhões, 120 motocicletas e 39 reboques.
— A proximidade do meio do ano geralmente traz uma retomada no consumo, impulsionada por estabilidade nas taxas de juros e melhora na confiança dos consumidores — completa.
Queda
Sobre março, que apresentou o menor número, 328, distribuídos entre 152 carros leves, seis caminhões, 135 motocicletas e 38 reboques, ele destaca que o comportamento não é isolado.
— Março costuma ser um mês de maior cautela. As famílias ainda estão organizando o orçamento, lidando com despesas típicas de início de ano, como Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e material escolar. Isso naturalmente impacta nas decisões de compra de veículos — explica.
Opção urbana
Leandro também observa que o desempenho das motocicletas se mantém consistente ao longo dos meses, o que, segundo ele, reflete uma mudança de perfil do consumidor.
— A motocicleta vem sendo cada vez mais escolhida como alternativa econômica, seja para deslocamento ou atividade profissional, especialmente com o avanço dos serviços de entrega — pontua.
Por fim, afirma que, apesar dos desafios macroeconômicos do país, o setor automotivo local segue aquecido e com boas perspectivas.
— A estabilidade observada nos cinco primeiros meses sinaliza um mercado que, mesmo com oscilações pontuais, mantém fôlego e capacidade de reagir às condições econômicas — conclui.
Frota
Divinópolis segue registrando um crescimento contínuo na sua frota de veículos. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base em informações do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG), a cidade já contabiliza aproximadamente 168.023 veículos em circulação. Conforme os acordo com os dados do IBGE, o número de veículos registrados não considera aqueles que chegam diariamente de outros municípios. Esse fluxo, segundo o órgão, conhecido como veículos “flutuantes”, contribui significativamente ainda mais para o aumento do tráfego nas ruas e avenidas do município.
— Estima-se que circulam pelas ruas da cidade cerca de 85 mil veículos por dia, e com cenário propício para crescer ainda mais ao longo do ano — disse a Secretaria Municipal de Trânsito, Segurança Pública e Mobilidade Urbana (Settrans), de Divinópolis, por meio de nota.
Avanço que reflete, por um lado, o desenvolvimento econômico e populacional do município, além da busca por mais mobilidade e autonomia por parte dos cidadãos.
— Por outro lado, também traz desafios significativos para a mobilidade urbana, especialmente no que se refere à fluidez do trânsito, ocupação de vagas de estacionamento e aumento no tempo dos deslocamentos diários — enfatiza o economista.
Investimentos
Com mais de 168 mil veículos nas ruas, Leandro Maia alerta para a necessidade de investimentos constantes em infraestrutura viária, sinalização, modernização dos semáforos e, principalmente, em transporte público de qualidade, como forma de aliviar a pressão sobre o trânsito. Além disso, há um impacto direto na qualidade do ar, aumento de ruídos e no desgaste acelerado do asfalto em algumas vias mais movimentadas.
— As autoridades municipais, cientes dessa realidade, têm buscado alternativas, como projetos de melhoria na malha viária e reordenamento do trânsito. O grande desafio, no entanto, é equilibrar o desenvolvimento urbano com soluções inteligentes e sustentáveis que garantam fluidez, segurança e qualidade de vida para a população — finaliza o economista.
Mercado
Ainda no mercado de veículos, o crescimento nas vendas de zero pode gerar reflexos diretos no mercado de seminovos e usados. Esse impacto varia conforme as condições econômicas e a demanda dos consumidores, influenciando os preços, a disponibilidade e até o mesmo tempo de revenda dos automóveis.
— Quando as vendas de novos aumentam, é comum que mais carros usados entrem no mercado, ampliando a oferta e, em alguns casos, enviando os preços para baixo. Por outro lado, se a procura por seminovos se mantém alta devido a fatores como taxas de financiamento e custo-benefício, o segmento pode continuar aquecido — detalha o empresário Sérgio Soares Pereira, diretor e sócio-proprietário de revendas de duas marcas conhecidas na cidade.
De acordo com o empresário, nos cinco primeiros meses, as operações registraram um crescimento expressivo no fluxo de clientes, resultando em um número significativo de negociações concretizadas.
— O mercado de veículos zero-quilômetro segue aquecido, com um aumento de aproximadamente 30% na procura e nas vendas. A expectativa para 2025 é ainda mais positiva — analisa Sérgio.
Outros segmentos
O aumento no número das vendas de carros tem se destacado como um fator positivo para a economia, movimentando não apenas seu setor, mas também diversas áreas correlatas, como o de autopeças.
Para Sérgio Pereira, esse avanço reflete uma maior confiança dos consumidores na economia, além de fortalecer a geração de emprego.
— O aquecimento do mercado automobilístico indica uma retomada importante, reforçando a necessidade de acompanhamento contínuo para avaliar tendências e identificar oportunidades — finaliza o empresário.