Da Redação
O curta-metragem “O Pequeno Rei”, idealizado e dirigido por Rômulo Corrêa, conquistou o prêmio de Melhor Filme LGBT – Diversidade Sexual na edição de 2025 do Colors of Love – Queer Film Festival. O evento, realizado nos dias 21 e 22 de junho em Mumbai, na Índia, é uma das principais vitrines internacionais para produções voltadas à temática LGBTQIAPN+ e conta com curadoria do FilmyBees Cine Club.
A cerimônia aconteceu no espaço Veda Black Box, e reuniu produções de diversos países como parte das celebrações do Mês do Orgulho. A organização do festival destacou a importância da obra brasileira e parabenizou a equipe do filme, reconhecendo sua contribuição para o cinema queer. A seleção de “O Pequeno Rei” entre os premiados representa um marco inédito para a produção audiovisual de Divinópolis.
História
“O Pequeno Rei” foi lançado oficialmente em 20 de novembro de 2024. Desde então, tem sido exibido em mostras e festivais dentro e fora do Brasil, com reconhecimento crescente. A vitória em Mumbai é o mais recente destaque de uma trajetória marcada por prêmios e seleções em eventos especializados no audiovisual independente.
O curta apresenta a história de Maria, uma mulher transgênero com deficiência física, que vive em uma pequena casa no coração do Cerrado. Ela dedica sua vida ao sobrinho Zezinho, deixado pelos pais ainda bebê. A cada ano, Maria realiza um ritual mágico no qual transforma Zezinho em um rei de beleza incomparável, costurando roupas que expressam a divindade presente em todos os seres humanos, independentemente de sexualidade, cor ou fé.
O ritual, mais que simbólico, torna-se um momento de troca profunda de valores como espiritualidade, respeito e amor. Ao crescer, Zezinho passa a refletir sobre sua fé e sexualidade, dando início a uma jornada de autoconhecimento baseada nos ensinamentos de sua tia. A narrativa aborda temas como inclusão, diversidade, religiosidade e relações familiares com delicadeza e profundidade.
Premiações e festivais
Além da conquista em Mumbai, “O Pequeno Rei” foi premiado em dezembro de 2024 como Melhor Curta-metragem LGBTQIA+ no Pupila Filme Festival. O filme também integrou a programação do Festival GRU SHORTS BR – Festival Internacional de Curtas-metragens de SP/Guarulhos, onde foi bem recebido pelo público e pela crítica.
No 10º Brazil New Visions International Film Festival (BNVIFF), a obra foi indicada em sete categorias e venceu nas categorias Melhor Fotografia e Melhor Direção de Arte, se destacando entre mais de 478 filmes inscritos. O reconhecimento técnico reforça a qualidade estética e narrativa do projeto.
A produção também foi selecionada por uma série de festivais internacionais em 2025, entre eles o Religious Faith International Film Festival (RFIFF), realizado na Costa Oeste dos Estados Unidos, em novembro; o Squish Film Camp, em Roterdã (Holanda), em junho; e o Shorts Wrap Academy – Competição de filmes VOD, na República Eslovaca, em maio.
Outros eventos que acolheram o curta foram o Love Wins International Film Festival, em Nova York, e o KinoToy Feste – Festival Internacional de Curtas, além do Short Way International Short Film Festival. No RFIFF, o filme foi vencedor do Prêmio Mérito na edição de primavera de 2025.
Produção
A produção do filme também se destaca pela composição do elenco e da equipe técnica. No papel de Tia Maria, está a atriz Olívia Oli, reconhecida por seu trabalho como Drag Queen. A atuação de Olívia confere uma carga emocional marcante à personagem, explorando com sensibilidade os aspectos de força e ternura que permeiam a figura materna de Maria.
Além do protagonismo da diversidade na tela, o projeto também foi construído a partir de uma equipe diversificada, como eletricidade e construção civil participaram da produção, muitos deles atuando pela primeira vez no setor audiovisual.
Biografia
O idealizador e diretor do curta, Rômulo Corrêa, é natural de Divinópolis e viveu por mais de três décadas na Alemanha. Sua trajetória artística teve início nas áreas de maquiagem e videomaker, com trabalhos voltados para cinema e moda. A transição para a direção foi impulsionada por seu desejo de explorar narrativas visuais capazes de expressar sentimentos e vivências que, segundo ele, vão além das palavras.
Corrêa também lançou em 2024, um documentário sobre os mistérios que envolvem o “Morro da Gurita”, local conhecido por suas lendas e simbolismos em Divinópolis. A produção foi bem recebida no circuito cultural local e reforçou seu interesse em investigar o imaginário coletivo da cidade natal por meio do cinema.
Mês do orgulho
O festival acontece justamente no mês de junho, reconhecido mundialmente como o Mês do Orgulho LGBTQIA+, dedicado à luta contra a homofobia e a transfobia. A escolha desse mês tem origem nos Estados Unidos e remete à Revolta de Stonewall, ocorrida em Nova York.
O bar Stonewall foi inaugurado em 1930 e reaberto em 1967 por mafiosos que enxergavam no público gay uma oportunidade de lucro. No entanto, o local não possuía licença para vender bebidas alcoólicas, o que motivava frequentes batidas policiais. Nessas ocasiões, agentes costumavam agir com violência contra os frequentadores do local.
Em 28 de junho de 1969, uma dessas ações resultou em uma rebelião que se estendeu por seis dias e marcou o início de uma mobilização mais organizada por direitos e espaços seguros para a comunidade. No ano seguinte, em 1970, aconteceu a primeira parada do orgulho LGBTQIAPN+ em Nova York. Desde então, o mês de junho passou a abrigar, em diversas partes do mundo, celebrações e manifestações em defesa da diversidade e dos direitos da população LGBTQIAPN+.
