Gasolina tem queda tímida após anúncio de redução pela Petrobras

Levantamento foi realizado em 14 estabelecimentos em Divinópolis  

Jorge Guimarães 

Quase um mês após a Petrobras anunciar a redução de R$ 0,12 no preço da gasolina vendida às distribuidoras, os consumidores de Divinópolis ainda não sentiram diferença significativa no bolso. De acordo com levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), realizado em 14 pontos de vendas, o preço médio do litro do combustível era de R$ 5,96 no dia 6 de junho, apenas quatro dias após o anúncio da estatal. Já na última semana, a média ficou em R$ 5,93,  uma queda discreta de apenas R$ 0,03.

Variação de preços

Mesmo com o leve recuo no preço médio da gasolina na cidade, no último mês, o valor cobrado nas bombas ainda varia bastante entre os postos da cidade. Segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), realizado entre os dias 22 e 28 de junho, o litro pode chegar a R$ 6,09 em alguns estabelecimentos, diferença que impacta diretamente o bolso dos motoristas.

—  Essa diferença de mais de R$ 0,15 entre um posto e outro pode parecer pequena, mas no fim do mês faz uma baita diferença, principalmente para quem depende do carro diariamente — afirma o motorista de aplicativo Paulo César Rodrigues. 

Ele conta que, antes de abastecer, costuma rodar um pouco mais para procurar os preços mais em conta. 

— Já virou rotina pesquisar e comparar antes de encher o tanque — completa. 

A dona de casa Luciana Teles também se diz atenta às oscilações de preço e faz um alerta. 

— Tem posto que cobra caro só por estar em uma área mais movimentada, mas se você andar dois quarteirões já acha mais barato. A gente tem que ficar esperto —  pontuou a dona de casa. 

Pesquisa

Para o economista Lázaro Ribeiro, a pesquisa de preços é uma das principais armas que o consumidor tem à disposição. 

— Em tempos de instabilidade nos combustíveis, a comparação entre postos é essencial. A livre concorrência permite que o consumidor escolha onde abastecer, e essa atitude ajuda a pressionar o mercado a manter preços mais competitivos — analisa. 

Ribeiro ainda destaca que, além da pesquisa, o planejamento e o uso consciente do veículo também são formas de amenizar os impactos. 

— Evitar deslocamentos desnecessários, manter a manutenção em dia e adotar hábitos de direção econômica são medidas que podem ajudar a compensar os altos custos dos combustíveis — alerta. 

Representantes 

A reportagem também ouviu representantes de pontos de venda na cidade. 

— Apesar das diferenças de preços entre unidades, buscamos repassar aos clientes somente as variações realmente necessárias para cobrir custos operacionais —explica o gerente de um posto localizado na  MG-050, André Moreira. 

— A instabilidade do mercado internacional e o custo do frete até Divinópolis podem tornar esse repasse mais lento ou parcial — conclui. 

Já para o também gerente de um ponto, só que região central da cidade, Carlos Eduardo Santos, o mercado é quem dita as regras. 

— Tentamos manter um patamar competitivo, mas precisamos conciliar margens que garantam a sustentabilidade do negócio. Se baixarmos demais, não conseguimos arcar com despesas como folha de pagamento, manutenção e impostos — sintetiza. 

Fatores  

Ainda segundo o economista, essa discrepância entre o anúncio da Petrobras e o valor nas bombas se deve a uma série de fatores. 

— A redução de R$ 0,12 foi no preço das distribuidoras, mas nem sempre essa queda é repassada integralmente ao consumidor final. Existem margens de lucro, custos operacionais e dinâmicas de mercado que influenciam o valor na bomba — explica.

Ribeiro também destaca que o setor é influenciado por questões regionais e por práticas de precificação individuais dos postos. 

— O repasse depende da concorrência local, do estoque anterior comprado a preço mais alto e até de estratégias comerciais de cada estabelecimento. Por isso, a redução não é automática e, muitas vezes, nem perceptível  — analisa.

Etanol

A pesquisa também mostrou que o preço médio do etanol caiu 2,39% desde o início de junho, passando de R$ 4,17 para R$ 4,07. A redução, embora modesta, já começa a animar consumidores que buscam alternativas mais econômicas diante dos altos custos com a gasolina.

— Qualquer queda já ajuda. Abasteço toda semana, então R$ 0,10 por litro faz diferença no final do mês — comentou a comerciária Raquel Lopes, que possui um carro flex e tem preferido o etanol nos últimos abastecimentos. 

Já o motorista de aplicativo Ricardo Souza recomenda cautela. 

— A queda é bem-vinda, claro. Mas ainda fico comparando com a gasolina pra ver o que realmente compensa. Nem sempre o etanol é a melhor escolha, depende do consumo — disse.

Para o economista, a análise do motorista de aplicativo é precisa. 

— O consumidor precisa fazer uma conta simples, se o preço do etanol estiver até 70% do valor da gasolina, em média, ele tende a ser mais vantajoso financeiramente. Mas, se a diferença for pequena, a gasolina ainda pode render mais por quilômetro rodado — explica.

Ribeiro reforça que, mesmo com a leve redução, o impacto ainda é limitado. 

— A queda de pouco mais de 2% mostra uma tendência, mas não é suficiente, por si só, para provocar uma migração em massa para o etanol. Outros fatores, como o rendimento do veículo, o tipo de uso e o cenário de preços futuros, também devem ser considerados — disse. 

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