Jorge Guimarães
Depois de um início de ano positivo, com a criação de mais vagas de empregos formais, nos primeiros quatro meses de 2025, maio trouxe um sinal de alerta para o mercado de trabalho em Divinópolis. Segundo dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o município registrou saldo negativo na geração de empregos formais.
Números
Ao todo, foram 2.968 admissões no período, contra 3.173 desligamentos, resultando em um saldo negativo de 205 postos de trabalho com carteira assinada. O número interrompe a sequência de bons resultados registrada desde janeiro e reflete um momento de instabilidade no setor produtivo local.
Apesar do resultado negativo, o economista Leandro Maia reforça que o acumulado do ano ainda é positivo para Divinópolis, e que o mês de junho poderá indicar se o recuo foi pontual ou sinaliza uma tendência.
— O acompanhamento contínuo dos dados será fundamental para avaliar os rumos do mercado de trabalho local e definir estratégias para a recuperação da geração de vagas — avaliou Leandro.
Segmentos
Apesar de um início de ano favorável, maio acendeu um alerta para o mercado de trabalho em Divinópolis. O levantamento mostra que, dos principais setores da economia local, apenas a agropecuária conseguiu fechar o mês com saldo positivo, e mesmo assim, com apenas uma vaga criada.
No contexto geral, todos os demais segmentos registraram mais desligamentos do que admissões. A indústria foi o setor com maior perda, com 700 demissões frente a 565 contratações, encerrando o mês com saldo negativo de 135 vagas. O comércio também teve desempenho negativo, com 35 postos de trabalho a menos, 883 admissões contra 918 demissões. Já a construção civil perdeu 29 vagas, 265 admissões e 294 desligamentos. O setor de serviços foi o que menos sentiu a retração, com saldo negativo de 7 vagas, 1.236 contratações e 1.243 desligamentos.
Ainda para o economista Leandro Maia, o cenário exige atenção, mas ainda não é motivo para alarde.
— Esses números de maio podem refletir um ajuste natural após um início de ano mais aquecido. A indústria, por exemplo, costuma ser impactada por variações de custo e demanda, o que pode explicar o volume de desligamentos. Mas é preciso acompanhar os próximos meses para avaliar se há uma tendência mais prolongada — explica.
Fatores
A reportagem esteve em contato com o empresário, Rafael Tavares, do setor de confecção, que afirmou que a queda já era, de certa forma, esperada.
— A gente vinha contratando mais no primeiro trimestre, mas com a diminuição dos pedidos, especialmente no atacado, tivemos que reduzir o quadro em maio — exemplifica.
Mesmo com o resultado desfavorável, o empresário aposta em recuperação a partir do segundo semestre, especialmente com a chegada de datas comemorativas que tendem a aquecer novamente os setores, principalmente o de comércio e serviços.
Recolocação
Em meio a essa reação do mercado, muitas pessoas ficaram marcadas pela perda repentina do trabalho. Em meio às dificuldades, há relatos de frustração, mas também de esperança em dias melhores.
Como é o caso de Carlos Henrique Silva, 42 anos, que trabalhava no setor de montagem de uma indústria e foi demitido no último mês.
— A empresa alegou queda na produção e custos altos. É difícil não se sentir desvalorizado, mas agora estou buscando cursos gratuitos para me atualizar e voltar mais preparado ao mercado. Tenho fé de que uma nova porta vai se abrir — afirmou.
Já Mariana Lopes, 25 anos, que atuava como atendente em uma loja no Centro, conta que foi pega de surpresa.
— Eu estava em período de experiência e a loja acabou dispensando três funcionários. Estou tentando me recolocar mesmo em outras áreas, mesmo temporariamente, porque preciso ajudar em casa — pontuou.
Mesmo diante do cenário desafiador, muitos trabalhadores mantêm a esperança de retomada. Para eles, o segundo semestre representa uma oportunidade de reviravolta, principalmente com a proximidade de datas comemorativas, como Dia dos Pais, Dia das Crianças e Natal, que tradicionalmente aquecem o comércio e geram vagas temporárias.
— Sei que o momento é difícil, mas não vou desistir. Sempre tem alguém precisando de um bom profissional, e é nisso que estou focando — conclui Amanda.
Centro-Oeste
Os dados mais recentes do Caged mostram que o mês de maio trouxe desafios também para o mercado de trabalho em parte das cidades do Centro-Oeste de Minas. Enquanto alguns municípios enfrentaram saldos negativos, outros conseguiram manter o ritmo de crescimento.
Em Itaúna, o cenário foi preocupante. A cidade fechou o mês com saldo negativo de 172 vagas. Foram registradas 1.466 admissões e 1.638 demissões, sendo a construção civil o setor que mais contribuiu para o resultado desfavorável, com 134 desligamentos.
— O desempenho fraco preocupa, especialmente em um setor que costuma impulsionar a economia local — alerta Maia.
Pará de Minas também não escapou do vermelho, embora o impacto tenha sido mais leve. A cidade registrou oito vagas a menos, com 1.403 contratações contra 1.411 demissões. Os setores do comércio e da construção civil foram os principais responsáveis pelo saldo negativo, indicando um freio nas contratações em áreas tradicionalmente relevantes para a economia local.
Na contramão da tendência regional, Nova Serrana mais uma vez apresentou desempenho positivo. O município gerou 138 novas vagas formais, com destaque para o comércio, que mostrou força mesmo em um mês marcado por instabilidade em outras cidades.
— O saldo reforça a resiliência da economia local, sustentada principalmente pelo dinamismo do setor calçadista e das atividades comerciais que giram em torno dele — finaliza Leandro.
Minas Gerais
Ao contrário da região Centro-Oeste, o estado teve números positivos em maio. Com 20.287 empregos com carteira assinada criados em maio, registrou saldo positivo pela quinta vez seguida. Sendo que nos cinco primeiros meses do ano, já acumula 124.272 novas vagas formais.
E no comparativo com os demais estados do país, Minas foi o segundo com a maior quantidade de empregos gerados no mês, atrás somente de São Paulo que registrou 33.313. O estado também é o segundo com maior estoque de empregos com carteira assinada. Tanto no setor público quanto no privado, são mais de cinco milhões de trabalhadores formais, num total de 5.034.623.