“Eu vou zerar essa fila”, diz Gleidson Azevedo 

Prefeito se refere a lista de espera para exames e cirurgias; Município registra atualmente mais de 40 mil solicitações ativas

Lucas Maciel

A longa espera por exames e procedimentos na rede pública de saúde de Divinópolis voltou ao centro do debate nesta semana, diante da pressão popular e das discussões entre autoridades locais sobre o funcionamento da chamada “Fila Única” do SUS.  

O tema, que já vinha mobilizando vereadores e lideranças comunitárias, ganhou ainda mais visibilidade após reportagem publicada pelo Agora no início da semana, destacando a situação de milhares de pacientes que aguardam por atendimento. 

A repercussão foi imediata nas redes sociais, nos gabinetes da Câmara e na própria Prefeitura. Em meio às cobranças, o prefeito Gleidson Azevedo (Novo) gravou um vídeo afirmando que pretende “zerar a fila” e a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) anunciou novas medidas para melhorar o sistema de regulação. 

Uma das ações adotadas é a exigência de que pacientes que faltarem às consultas, sem justificativa, retornem ao início do processo. A proposta busca reduzir o índice de absenteísmo, que hoje ultrapassa os 27%. A gestão municipal também lançou oficialmente o programa “Agiliza: Menos Espera, Mais Saúde”, em parceria com o CIS-URG Oeste. 

Audiência

O tema pautou uma audiência pública na Câmara de Divinópolis, na noite da última quarta-feira, 2. O encontro reuniu vereadores, representantes da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), profissionais da área e membros da sociedade civil.

Durante a audiência, a secretária de Saúde, Sheila Salvino, informou que a Prefeitura enfrenta um passivo acumulado desde 2022, o que tem dificultado a diminuição da fila. Ela também anunciou a criação de um novo programa para impulsionar os atendimentos

— Temos trabalhado para equalizar oferta e demanda mês a mês, mas há um volume represado que ainda nos desafia. Estamos lançando o programa “Agiliza” justamente para vencer esse passivo — destacou.

O programa, desenvolvido em parceria com o CIS-URG Oeste, contará com investimento de aproximadamente R$ 5 milhões. A estratégia inclui descentralizar os atendimentos e distribuir os agendamentos entre diferentes prestadores, com a expectativa de reduzir significativamente o tempo de espera nos próximos cinco meses.

Debate

Durante a audiência, o vereador Washington Moreira (Solidariedade) — responsável por solicitar o debate — apresentou propostas para enfrentar os desafios da fila única, incluindo a qualificação dos médicos requisitantes, o fortalecimento da Busca Ativa com visitas domiciliares dos agentes comunitários de saúde, a regulamentação do absenteísmo com penalidades, e a criação de uma comissão permanente para acompanhar e melhorar o sistema. 

Algumas das sugestões já são realizadas no município, de acordo com Sheila Salvino. 

A CEO do Complexo de Saúde São João de Deus, Elis Regina, destacou que a fila única na verdade são várias filas, que vão da atenção primária à hospitalar. Ela também comentou sobre as propostas apresentadas.

—  Quando você fideliza esse paciente na Atenção Primária, ele tem acesso ao exame, ao médico e à Atenção Primária, que irá triar esse paciente para um Pronto- Socorro, se ele realmente precisar, para um hospital e assim sucessivamente — afirmou.

Reunião 

Antes da audiência pública, a Prefeitura de Divinópolis convocou, ainda durante a tarde da última quarta-feira, 2, uma reunião com vereadores para apresentar dados atualizados da Central de Regulação e discutir estratégias para acelerar os atendimentos via SUS.

Durante a reunião, Sheila Salvino revelou que atualmente há mais de 40 mil solicitações ativas na fila — incluindo consultas, exames e procedimentos especializados. Só para dermatologia, por exemplo, são mais de 3 mil pacientes aguardando. A fila para colonoscopias, um dos principais gargalos, soma mais de 2 mil pessoas também, conforme já havia sido informado pelo Agora

Do número geral, mais de 14 mil são para consultas com especialistas. A média mensal de pedidos é de 129, mas o município consegue realizar apenas 67 exames por mês, informou a Prefeitura.

Faltas sem justificativa

Outro dado preocupante apresentado na reunião foi o alto número de faltas injustificadas. No primeiro quadrimestre deste ano, 27,6% dos pacientes agendados não compareceram às consultas. 

Para tentar contornar o problema, a Semusa passará a penalizar os pacientes ausentes sem justificativa, fazendo com que eles retornem ao início do processo regulatório. A medida, segundo a gestão, tem caráter educativo e busca evitar o desperdício de recursos públicos e o atraso no atendimento de outros usuários.

A secretária de Saúde explicou ainda que a ausência dos pacientes, mesmo após confirmarem presença, tem impacto direto na lentidão da fila e sobrecarrega os recursos do sistema.

— Vivemos com dois problemas antagônicos: de um lado, uma capacidade instalada ainda insuficiente; de outro, pacientes que faltam mesmo após confirmar o agendamento. Antes, essas pessoas eram reagendadas automaticamente, o que gerava reincidência. Agora, quem confirmar e não comparecer sem justificativa terá que reiniciar o processo, a partir da Atenção Primária — afirmou Sheila.

Sheila também enfatizou que a medida não se trata de punição, mas de uma tentativa de tornar o sistema mais justo e eficaz. A intenção da Semusa é garantir que os recursos públicos sejam utilizados com responsabilidade e que as vagas sejam ocupadas por quem realmente precisa.

Ações

Diante do cenário, o prefeito Gleidson Azevedo utilizou as redes sociais para anunciar o encontro promovido pela Prefeitura e comentar sobre a situação da regulação no município. Em vídeo publicado na tarde de quarta-feira, 2, o chefe do Executivo garantiu que pretende enfrentar o problema com medidas práticas.

— Eu vou zerar essa fila — afirmou.

Entre as ações destacadas está a ampliação da oferta de exames de colonoscopia, um dos principais gargalos da fila. Com apoio do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Vale do Itapecerica (Cisvi), os procedimentos passarão a ser realizados também no Hospital São Judas Tadeus. Antes, o exame era feito exclusivamente no Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD), 

A vice-prefeita Janete Aparecida destacou, ainda, que o município investiu mais de R$ 7 milhões para solucionar o problema. 

Compartilhe:

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

DEIXE UM COMENTÁRIO

O Portal de Notícias Jornal Agora é a fonte de informações mais confiável e abrangente para a nossa comunidade. Com foco exclusivo em acontecimentos que afetam diretamente nossa região, oferecemos uma visão única e aprofundada dos eventos locais, mantendo os residentes informados e engajados.

Notícias Recentes

Veja Também