“Brincava com a arma”, diz condenado por matar namorada com tiro no rosto 

João Vitor foi sentenciado a 14 anos de prisão; homicídio ocorreu em Carmópolis de Minas

Da Redação

João Vitor Souza foi condenado a 14 anos de prisão em regime fechado pelo assassinato da namorada Maria Vitória Lara de Almeida, de 20 anos. O julgamento foi realizado nesta terça-feira, 8, no Fórum de Divinópolis, e durou aproximadamente oito horas. O crime ocorreu em setembro de 2023, no município de Carmópolis de Minas, mas, por decisão judicial, o júri foi transferido para Divinópolis.

Julgamento

O julgamento em Divinópolis foi por meio de desaforamento, instituto jurídico que permite a transferência de um julgamento do Tribunal do Júri de uma comarca para outra. A medida foi adotada para garantir a imparcialidade e a segurança do processo, além de resguardar o interesse da ordem pública, tendo em vista as circunstâncias locais que poderiam comprometer um julgamento justo em Carmópolis de Minas, onde o crime aconteceu.

A decisão do júri reconheceu que o acusado possuía e portava, sem autorização legal, uma arma de fogo do revólver calibre 38, utilizada no crime. Testemunhas ouvidas durante o processo relataram que o relacionamento entre João Vitor e Maria Vitória era marcado por brigas frequentes, ameaças e episódios de agressões físicas. 

O crime foi enquadrado como homicídio culposo e julgado como crime hediondo, com aplicação das leis Maria da Penha e  Estatuto do Desarmamento. A pena foi de 14 anos em regime fechado, mas os advogados podem recorrer da condenação.

Segundo a irmã da vítima, Marly Almeida, a justiça foi feita.
— A gente queria que ele pegasse a pena máxima, mas só dele ter saído condenado, 14 anos, para nós a justiça foi feita — afirmou.

Marly também relatou o impacto emocional causado à família. 

— Ele acabou com a minha família. Meu pai e minha mãe nem conseguiram vir, estão sem chão. Acabou com a nossa família, nunca mais foi a mesma — completou.

Relembre o caso

O crime aconteceu na noite de sexta-feira, 29 de setembro de 2023, na casa de João Vitor, localizada no bairro de Fátima, em Carmópolis de Minas. À época, o acusado tinha 22 anos. Segundo a sentença, ele e Maria Vitória estavam no quarto quando o disparo ocorreu. A jovem foi atingida no queixo por um tiro de revólver calibre 38 e chegou a ser socorrida com vida pelo Samu, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu no hospital local.

No mesmo dia, às 22h13, Maria Vitória enviou à irmã, Marly, um vídeo de visualização única pelo WhatsApp. Nas imagens, João Vitor aparece com a arma de fogo, apontando-a para o rosto da jovem e se aproximando com expressão agressiva. Dois minutos depois, às 22h15, a vítima não respondeu mais às mensagens.

A mãe do acusado, que também estava na residência, relatou ter ouvido um barulho semelhante ao de um disparo. Ao ir até o quarto, encontrou Maria Vitória deitada na cama, ensanguentada e tentando se comunicar. João Vitor deixou o local levando consigo a arma utilizada no crime, sem prestar socorro à vítima. A genitora acionou a Polícia Militar e o Samu, que prestaram os primeiros atendimentos.

João Vitor retornou à residência horas após o crime e foi preso pela polícia. Na ocasião, afirmou que estava sob efeito de drogas e que “brincava com a arma” quando o disparo acidental aconteceu. Aos policiais, disse ainda que havia jogado fora o revólver, sem indicar o local exato. Durante o interrogatório na delegacia, permaneceu em silêncio. A arma não foi localizada.

Na época, a Polícia Civil confirmou que o acusado foi autuado por homicídio qualificado e posse ilegal de arma de fogo, sendo encaminhado ao sistema prisional. O laudo de necrópsia apontou como causa da morte traumatismo cervical perfuro contuso, que refere-se a lesões no pescoço, que foi causada pelo disparo. 

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