Divinópolis prepara estratégias para minimizar impacto do tarifaço

Governo federal lançou pacote emergencial de R$ 30 bi para empresas afetadas por sobretaxa dos EUA

Da Redação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou uma Medida Provisória (MP) que institui um pacote de socorro às empresas brasileiras impactadas pela sobretaxa de 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre produtos nacionais. A iniciativa prevê a liberação de R$ 30 bilhões em linhas de crédito especiais, com condições diferenciadas de juros e prazos, voltadas especialmente para setores da indústria e do agronegócio mais afetados pela medida norte-americana. Divinópolis também prepara medidas para minimizar o impacto aos empreendedores locais. 

Cidade

A reportagem ouviu o secretário do Desenvolvimento Econômico de Divinópolis, Igor Cardoso, sobre os impactos locais do tarifaço.

— No caso de Divinópolis, estamos atentos a esse cenário e já em andamento com ações locais. (…) estamos estruturando programas de apoio às empresas do município, ampliando linhas de crédito em parceria com instituições financeiras, fomentando novos investimentos industriais e trabalhando com editais voltados para atração e fortalecimento de negócios — definiu Cardoso. 

O objetivo é manter o mercado interno aquecido. 

— Nosso objetivo é garantir que Divinópolis continue sendo um polo competitivo, capaz de atrair novos empreendimentos e, ao mesmo tempo, dar suporte às empresas que já estão aqui, para que possam superar os impactos dessas mudanças externas e manter empregos e renda na cidade — finalizou Igor. 

Ação necessária

Para o economista Lazaro Ribeiro, a liberação de R$ 30 bilhões em linhas de crédito especiais, com juros e prazos diferenciados, pode oferecer um alívio importante para setores da indústria e do agronegócio mais atingidos, evitando uma retração mais acentuada na produção e no emprego. Ribeiro pondera, no entanto, que o pacote deve ser acompanhado de medidas estruturais para aumentar a competitividade do Brasil no cenário global. 

— O crédito é fundamental para dar fôlego no curto prazo, mas é igualmente importante investir em inovação, logística e diversificação de mercados, para que as empresas não fiquem reféns de um único destino de exportação — afirmou.

Para o economista, a combinação de apoio financeiro e estratégia comercial pode reduzir os efeitos negativos da medida norte-americana e, ao mesmo tempo, abrir novas oportunidades para a inserção internacional dos produtos brasileiros.

Principais medidas 

As principais medidas do pacote de socorro incluem a criação de linhas de crédito com juros reduzidos, variando de 1% a 4% ao ano, oferecidas por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDS) e do Banco do Brasil, destinadas a garantir capital de giro e apoiar investimentos das empresas mais impactadas pela sobretaxa dos Estados Unidos. Outra ação relevante é o aumento da alíquota do Reintegra, programa que devolve parte dos impostos pagos por exportadores, de 0,1% para 2%, ampliando a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional.

O pacote também contempla a ampliação das compras governamentais, priorizando fornecedores nacionais, como forma de estimular a produção interna e mitigar as perdas no comércio exterior. Além disso, estão previstas medidas para evitar demissões, com apoio a programas de manutenção de empregos e qualificação profissional.

A Receita Federal também fica autorizada a adiar a cobrança de impostos para as empresas mais afetadas pelo tarifaço, postergando o pagamento dos próximos dois meses.

Forma criteriosa

Segundo a ministra do Planejamento, Simone Tebet, o pacote de auxílio será implementado de forma criteriosa, priorizando as empresas que realmente necessitam do suporte diante da sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos. Ela destacou que a medida foi desenhada para garantir eficiência no uso dos recursos, de modo que o impacto nas contas públicas seja “mínimo”, preservando o equilíbrio fiscal.

Além do apoio financeiro, Simone Tebet ressaltou que o governo intensificará ações para ampliar a presença dos produtos brasileiros em novos mercados internacionais, reduzindo a dependência das exportações para os EUA. Entre as estratégias estão a promoção comercial, acordos bilaterais e incentivos à participação em feiras e eventos globais.

Ações paliativas

A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) reconhece que as medidas do Plano Brasil Soberano representam um esforço para conter parte dos prejuízos. A entidade alerta que, embora as ações anunciadas sejam positivas, o efeito prático só será sentido se os recursos e incentivos chegarem rapidamente às empresas, especialmente às que já enfrentam dificuldades para manter a produção e os empregos. Para o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, as ações pontuais não substituem a necessidade de uma solução de caráter estrutural e diplomático. 

— As medidas podem dar algum fôlego às empresas, mas não resolvem a raiz do problema. É urgente que o Brasil mantenha negociações firmes e produtivas com o governo norte-americano, buscando reverter as tarifas e resguardar uma relação comercial estratégica. Se não houver rapidez na implementação e clareza nas regras, o risco é que os recursos e incentivos fiquem no papel — alerta Roscoe.

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