Matheus Augusto
Minas Gerais decretou o fim da emergência por arboviroses. A informação foi confirmada ontem pelo secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Fábio Baccheretti, durante coletiva sobre o balanço do período sazonal de dengue.
O cenário confirmou as expectativas da pasta de um “ano histórico”.
— Sem dúvida nenhuma, é a maior epidemia das Américas — ressaltou.
Apesar do maior número de casos da história, o secretário ressalta a baixa letalidade da doença. Em termos gerais, Minas Gerais esteve atrás apenas do Distrito Federal na incidência de casos. No entanto, registrou quase três vezes menos mortes proporcionais.
— Minas Gerais, apesar de ter tido muitos casos, teve a menor letalidade — ressaltou.
O resultado, em sua avaliação, é fruto dos investimentos e iniciativas promovidas pela SES-MG em parceria com os municípios. Dentre os principais esforços, além dos repasses financeiros, as capacitações oferecidas aos profissionais da Saúde, para o tratamento adequado dos pacientes. Outro fator importante é acompanhar a evolução do quadro das pessoas contaminadas.
Futuro
Baccheretti expressou otimismo quanto ao futuro. Com perspectivas positivas de fortalecimento no combate ao mosquito Aedes aegypti, a tendência é que o estado não vivencie cenários tão graves quanto o deste ano.
Dentre elas, o uso de drones para identificar as áreas com risco de infestação e facilitar o trabalho dos agentes em locais de difícil acesso.
O governo de Minas também espera ter, até o início do próximo ano, a biofábrica construída na capital em pleno funcionamento. Atualmente, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está em processo de compra de equipamentos. O método visa anular a transmissão da doença.
— O método consiste na liberação de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, que impede que os vírus da dengue, Zika, chikungunya se desenvolvam no inseto, evitando a transmissão das doenças. Estes mosquitos, chamados de Wolbitos, não são geneticamente modificados e não transmitem outras doenças — informou, em abril deste ano, o Ministério da Saúde.
A produção semanal pode chegar a dois milhões de mosquitos por semana.
— (…) uma vez inseridos no meio ambiente, vão se reproduzir com os Aedes aegypti locais e estabelecer uma nova população de mosquitos que não transmitam a dengue e outras doenças — complementou.
Vacinas
O secretário espera, ainda, a chegada de mais vacinas contra a dengue. A partir do próximo ano, o Instituto Butantan deve produzir 20 milhões de doses anuais para o Brasil. Atualmente, a procura ainda é baixa.
— Temos muitas doses paradas — afirmou Baccheretti.
A cobertura vacinal, inicialmente restrita a jovens entre 10 a 14 anos, está em cerca de 30%.
— Está muito abaixo do que esperávamos — lamentou.
Se o cenário permanecer, o público-alvo será ampliado.
— Doses paradas não servem, tem que ser no braço — destacou.
E agora?
Para o próximo ano, a SES-MG não prevê o agravamento do cenário. No entanto, a circulação do sorotipo 3, do qual a população possui menos anticorpos.
— Não vamos abrir mão de ser conservadores — ressaltou o secretário.
O objetivo é, neste segundo semestre, fortalecer o diálogo junto aos agentes comunitários e aos municípios para sensibilizar a comunidade. A intenção é promover ações preventivas de combate ao mosquito antes do período chuvoso.