Bruno Bueno
O Hospital Regional de Divinópolis será universitário e o assunto principal ainda é o anúncio feito pelo governador Romeu Zema (Novo) e o prefeito Gleidson Azevedo, do mesmo partido. O chefe do Executivo contou a novidade em vídeo publicado nesta terça-feira, junto a outros agentes políticos, logo após o Agora ter dado a notícia em primeira mão.
A Universidade Federal São João del Rei (UFSJ), responsável pela gestão da parceria, não foi comunicada sobre a confirmação. Além disso, a secretária nacional de Finanças do PT, Gleide Andrade, e a deputada Lohanna França (PV), duas articuladoras do projeto, não foram citadas pelos políticos, como alegam seus respectivos partidos.
As ausências geraram notas de repúdio e vídeos de reclamação.
Entenda
A definição ocorreu no encontro com participação do prefeito Gleidson Azevedo (Novo), do secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, do governador e do ministro da Educação, Camilo Santana.
Segundo o ministro da Educação, quem deve gerir o local é a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), por meio da UFSJ.
UFSJ
A diretora da UFSJ Divinópolis, Herica Lima, confirmou que a unidade não foi comunicada do anúncio do hospital universitário e ficou sabendo através das redes sociais.
— O reitor Marcelo Pereira estava em Brasília e não foi convidado para a reunião — disse.
Ela admitiu que a universidade deverá tomar providências, mas confirmou que a parceria está mantida.
— Foi uma solicitação nossa e estamos muito felizes com isso — pontua.
Notas de repúdio
O presidente do PT Divinópolis, Manoel Cordeiro, disse, em nota de repúdio, que Gleidson e Zema usaram o vídeo como palanque pré-eleitoral.
— Gleidson, de forma irresponsável e desrespeitosa, já chamou Lula de ladrão, insinuou que o presidente bebia cachaça e negligenciava suas funções, e declarou que as obras do hospital estavam atrasadas por culpa de servidores de esquerda — comentou.
A nota de repúdio reitera que os políticos foram oportunistas.
— Lula já havia se comprometido com a federalização do hospital, junto à comunidade acadêmica do campus e da cidade, e com todos os movimentos feitos até então em prol da federalização para a UFSJ – Campus Dona Lindu. Não ao oportunismo! — reiterou.
“Estranheza”
As reclamações se estenderam em nível estadual. Os dirigentes estaduais da federação Brasil da Esperança — compostas pelo PT, PV e PC do B — criticaram a divulgação sem a presença de parlamentares do grupo. A nota é assinada pelo presidente do PT Minas, Cristiano Silveira, do PV, Osvander Valadão, e do PC do B, Wadson Ribeiro.
— O anúncio, sem a presença de parlamentares mineiros e das lideranças partidárias que lutam por essa pauta com o Governo Federal, mostra desrespeito e falta de compromisso com a federação em Minas Gerais — comenta.
A nota, assinada pelo presidente dos três partidos, reitera a presença de opositores ao governo do petista.
— Causa estranheza que o anúncio da parceria seja feito ao lado de opositores ao presidente Lula, e não de aliados. É com indignação que acompanhamos essa notícia e solicitamos uma mudança na conduta e condução de pautas — pontua.
Rebateu
Em outro vídeo publicado ontem nas redes sociais, Gleidson rebateu as críticas.
— Ao invés de todos os políticos estarem felizes pela notícia, não. Será que para eles, quanto pior, melhor? Acho que é isso que eles querem. Eles querem ver o caos. Mas eu não. Eu quero ver a solução — afirma.
Ele aproveitou para agradecer o encontro.
— E eu quero agradecer de coração ao ministro por ter aceitado que assim que o hospital regional estiver pronto, que ele possa se transformar no hospital-escola, aonde ele vai ser administrado pela UFSJ — pontua.
Como vai funcionar?
O acordo entre a Ebserh, o Ministério da Educação e a Secretaria de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) está fechado e será assinado em breve. O governo mineiro vai repassar
recursos visando a aquisição de equipamentos e mobiliário.
— Além disso, será responsável por concluir a obra do Hospital Regional de Divinópolis e efetivar a doação da unidade para a Universidade Federal de São João del-Rei — explicou a Ebserh.
A Ebserh assumirá a gestão do hospital em parceria com a universidade.
A empresa
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais.
As unidades atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.