Flávio Flora
Manifestações estudantis nas escolas estaduais foram objeto de ofício circular da secretária estadual de Educação Macaé Maria Evaristo dos Santos, orientando as Superintendências Regionais de Ensino a serem tolerantes com mobilização dos alunos “que se materializam em ocupação de espaços escolares”. As direções e unidades escolares devem atuar “sempre com base no diálogo com os estudantes e suas lideranças, respeitando o direito à livre manifestação”.
Manifestações pacíficas
No documento, a secretária afirma que as escolas devem orientar os estudantes para que as manifestações sejam pacíficas e respeitosas, tendo cuidado com as crianças e adolescentes e “coibindo qualquer atentado à dignidade de quaisquer pessoas e zelando pelo bom uso do patrimônio público”.
Ainda na circular, Macaé dos Santos reitera o necessário acompanhamento das Superintendências e direção das escolas das ocupações, “buscando soluções mediadas quando os interesses da comunidade escolar não forem convergentes”, além de assegurar “o direito à Educação e demais direitos sociais, civis e humanos das crianças e adolescentes”, encerra o Ofício Circular GS 3060/2016.
Sem polícia e repressão
Em outro documento sobre o mesmo assunto, de autoria de Hércules Macedo, chefe de gabinete da secretária Macaé (documento reconhecido como autêntico pela Assessoria de Comunicação Social do Gabinete), o autor destaca que o País e o Estado vivem “um momento muito delicado” e que “devemos estar preparados para lidar com essas situações que nos parecem novas em nossa Rede de Ensino”.
Na visão do chefe de gabinete, essas manifestações fazem parte da convivência democrática, “concepção de relacionamento entre servidores da educação, estudantes e famílias” e devem ser recebidas com tranquilidade.
Em sua mensagem, Macedo recomenda que as dependências e instalações escolares não sejam depredadas e que os debates ocorram sempre em busca de “construir propostas que servirão de objeto para discussão da política educacional do Estado”.
Ao final, recomenda que “em hipótese alguma haverá de ser convocada a Polícia para controlar ou impedir o acesso dos estudantes, bem como é inaceitável qualquer ação de repressão ao movimento de estudantes”.
Pais reclamam na imprensa
Ontem, o programa “Bom Dia Divinópolis” (de Sílvio França, rádio Minas AM) entrevistou um pais e uma mãe de alunas da Escola Estadual Joaquim Nabuco que protestaram contra a ocupação da escola pelo movimento estudantil. Criticaram a ocupação porque os responsáveis pela decisão não ouviram todos os estudantes, não incluindo alunos do turno da tarde, além da assembléia não ter sido convocada. Durante o programa, foram acusados alguns ocupantes de estarem ligados a partidos políticos, não serem estudantes e estarem manipulando os alunos.
— Eu não sou contra o movimento dos meninos (…) não sou partidário (…) estou preocupado com minha filha de onze anos, porque o direito dela ir à escola está sendo impedido. Na segunda-feira havia uma faixa bem grande lá “Fora Temer!” Dentro da escola tinha pessoas que não participavam nem do corpo docente nem dicente da escola, mas todos envolvidos com partidos políticos — disse Anderson Pereira Orsilho, pai de estudantes.
Na oportunidade, uma mãe também foi ouvida na entrevista e manifestou sua inquietação com a tomada do movimento estudantil por pessoas ligadas a partidos. Ela estava chegando da Superintendência, onde foi reclamar da situação, mas ainda não tinha obtido uma resposta.
— É preciso convocar os pais para decidir pelos menores. Se eles querem fazer manifestação, ótimo, que façam. Vamos discutir sobre a PEC 241? Vamos! Mas discuta em sala de aula (…) Se eles têm o direito de manifesto, eu também quero o direito do meu filho à escola — comentou a mãe Andréa, que ali falava também em nome de outras mães com a mesma opinião.
