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Editorial: gosta de ser enganado 

by JORNAL AGORA

Muita gente não imagina, mas o Brasil tem mais de 12,7 milhões de pessoas sobrevivendo com até R$ 200 por mês, ou seja, R$ 6,67 por dia. Para a sociedade em geral e os governos que não enfrentam essa realidade no dia a dia, tais indivíduos são “classificados” como aqueles que vivem em situação de extrema pobreza. Para quem está do “lado de dentro”, isso significa mais um dia sem ter o que comer em casa, de luta, fome, dor, miséria e busca incessante pela sobrevivência.

A situação ultrapassa a hipocrisia, pois essas mais de 12 milhões de pessoas, por incrível que pareça, sobrevivem ao caos e à pobreza, enquanto os políticos brasileiros, que deveriam trabalhar arduamente para eliminar este contexto, ostentam de todas as formas com o dinheiro público. Montante que deveria ser usado para que esses cidadãos pessoas não precisassem travar uma luta diária pela vida. 

O cenário piora ainda mais quando, a esses brasileiros, se juntam outras 67,8 milhões de pessoas que vivem em situação de pobreza, ou seja, têm uma renda mensal de até R$ 637. Na contramão de tudo, o que mais chama a atenção são os R$ 4,9 bilhões aprovados pelo Congresso Nacional para financiamento das campanhas. Absurdo. Hipócrita. Desrespeitoso. Asqueroso. Talvez essa sejam as palavras perfeitas para definir este cenário enfrentado no Brasil. 

De um lado, na mesa daqueles que deveriam lutar para que isso não existisse no país, fartura. Ao lado, a fome se faz presente. O que mais chama a atenção é ver que os mesmos R$ 4,9 bilhões serão usados para enganar aqueles que esperam todos os dias que o amanhã seja melhor. O mais injusto é ver que o recurso será usado para iludir aqueles que acreditarão piamente que agora agora será diferente. O alimento, enfim, chegará, a cama confortável para dormir, o esgoto, o saneamento básico, a infraestrutura, o mínimo. 

Os discursos são os mais lindos possíveis no Congresso, na Tribuna, nas redes sociais. Onde tudo é possível, a luta e a revolta são pelo fim do Fundo Eleitoral e pela Reforma Política, que, segundo eles, precisam ser urgentes. A verdade é que não há sequer o interesse de acabar com as regalias. Afinal, por aqui, o brasileiro se contenta com o pouco, com o “fantástico mundo de Bobby”, onde tudo é bonito e possível. Por aqui, o povo idolatra político e gosta de ser enganado. Então, o pouco basta. Um discurso bonito é o suficiente. Uma “revoltinha” contra os R$ 4,9 bilhões já é o suficiente para o brasileiro concordar, emendar algumas palavras e seguir sua vida, enquanto mais de 12 milhões de pessoas sobrevivem com R$ 200 por mês, e outras 67,8 milhões com R$ 637. Lagosta para uns, farinha (quando tem) para outros. Ar-condicionado para uns, e luta e incertezas para milhões. Assim segue o ritmo do Brasil. O país onde o pouco basta, e os políticos são pagos para iludir o povo, que sobrevive a um caos diário por não ter quem trabalhe por eles.

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