A prática de reclamar tem raízes profundas na história da humanidade. Desde tempos antigos, as pessoas têm expressado insatisfação em relação a várias questões, sejam elas políticas, sociais, econômicas ou pessoais. Nas sociedades antigas, as reclamações muitas vezes eram dirigidas aos líderes políticos, aos deuses ou aos governantes locais como forma de buscar justiça ou mudança. Ao longo do tempo, as formas de reclamar evoluíram com o desenvolvimento da comunicação e da sociedade. Com o surgimento da imprensa, por exemplo, as pessoas passaram a ter meios de expressar suas reclamações de forma mais ampla e pública. Mais tarde, com o advento da internet e das redes sociais, a reclamação ganhou uma nova dimensão, permitindo que as vozes individuais fossem ouvidas em escala global em questão de segundos. Hoje, a reclamação é uma parte essencial da cultura do consumidor, com eles frequentemente reclamando de produtos ou serviços insatisfatórios. Além disso, a reclamação também é uma ferramenta importante para promover mudanças sociais e políticas, permitindo que as pessoas exijam transparência, responsabilidade e justiça de instituições e autoridades. No entanto, embora a reclamação seja uma forma legítima de expressar descontentamento e buscar melhorias, também é importante reconhecer a diferença entre reclamação construtiva e simplesmente reclamar por reclamar. A reclamação construtiva busca identificar problemas e propor soluções, enquanto reclamar por reclamar muitas vezes não leva a resultados significativos.
Diariamente encontramos pessoas que reclamam do calor, da poluição nas cidades e rios, da sujeira nas ruas, do trânsito, dos preços altos. Enfim, reclamam, reclamam, e reclamam.
No entanto, eu observo, e quando tenho a oportunidade, pergunto diretamente aos reclamantes diários, o que cada um tem feito para melhorar o mundo a sua volta. Reclamar do trânsito, e, na primeira oportunidade de sair de casa, sai de carro, vai na padaria, farmácia ou pagar uma conta a menos de três quarteirões, mas, mesmo assim vai de carro. Além de contribuir para um problema, é uma arma para o sedentarismo, andar um pouco faz bem à saúde. Muitos que reclamam da poluição, contribuem e muito, jogando lixo nas ruas ou colocando fogo no mato em terrenos baldios, ou mesmo em sua propriedade.
Existem aqueles que reclamam da falta de segurança nas ruas, o que até então seria normal e compreensivo, porém, quando começam obras pa ra melhorar a segurança dessas ruas, eles reclamam das obras. Eu gostaria de saber como fazer obras sem
interferir no cotidiano do local a ser melhorado?
Dentro das famílias existem aqueles que reclamam da falta de valor familiar, de respeito e até mesmo do nível das novelas. Mas, está lá, ligado na novela das 20h, criticando mas sem perder um só capítulo. Reclamam do linguajar do filho, quando o mesmo solta um palavrão, mas, no calor do jogo de seu time de futebol, soltam dois, três ou quatro, mais absurdos, na sala de casa, em frente ao mesmo filho que fora repreendido.
Para finalizar vou citar a reclamação mais constante,da política, ou, mesmo para com os políticos. Muitos reclamam, por achar bonito e se sentir integrado “ao grupo” criticando esse ou aquele, afinal, a moda é criticá-los, e nunca elogiá-los, quem
elogia é “puxa-saco”, reclamam, simplesmente por reclamar.
Muitos políticos não merecem, porém, foram eleitos. E outros produzem, o fazem e de forma exemplar. A preguiça dos reclamantes em pesquisar o trabalho dos políticos encosta na reclamação, o que é mais fácil.
E você? Além de reclamar, você faz o quê?
Tem pauta sobre cultura? Envie para welbertonha@gmail.com
Welber Tonhá e Silva
Imortal da Academia Divinopolitana de Letras, cadeira nº 09
Imortal da Academia de Letras e Artes Luso-Suiça em Genebra, cadeira nº C186
Membro da Academia Mineira de Belas Artes
Historiador, escritor, pesquisador, fotógrafo e fazedor cultural.
Instagram: @welbertonha
