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Brasil nunca teve tantos médicos, mas ainda faltam especialistas

Diretora do CSSJD destaca desafios na Saúde

by JORNAL AGORA

Ígor Borges

Desde o começo do ano, Divinópolis vive situações complicadas no âmbito da Saúde. As lotações em hospitais e unidades de atendimento causaram preocupações na população, que muitas vezes precisam esperar horas por uma consulta ou exame. Entretanto, levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM) revela um fato curioso: o Brasil nunca teve tantos médicos. Ainda assim, a radiografia do CFM indica que boa parte dos brasileiros segue muito longe de ter acesso fácil a um profissional.

O Agora recebeu, nesta semana, a diretora-presidente CEO do Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD), Elis Regina Guimarães, que explicou a razão da discrepância. 

— Na verdade, não é só a questão de distribuição territorial, porque a distribuição territorial sempre existiu. Então, estados tão distantes, realmente sempre tiveram um contingente muito menor de médicos. Mas o que vem também dando muito problema para a gente é a polarização do tipo de especialidade — relatou.

Ela completa: 

— Muitas vezes hoje, na própria região Centro-Oeste, mesmo com a quantidade de hospitais existentes hoje, a gente tem falta de profissionais e algumas especialidades. Então, muitos deles a gente mantém com valores muito altos. Algumas tabelas dobradas, plantões muito altos, mas a gente ainda tenta dar todo tipo de assistência — ressaltou. 

Levantamento

O levantamento indica que o país chegou à marca de 2,8 médicos por mil habitantes em 2023, um salto desde 2016, quando esse número era de 2,03 – e um abismo desde 1990 (0,91). 

O lugar com maior número de médicos por habitante é o Distrito Federal, com 6,31 médicos por mil moradores. Esse índice é, inclusive, muito superior à média nacional. O outro extremo é o Maranhão, com 1,26, seguido pelo Pará com 1,39. 

Depois do DF, vêm Rio de Janeiro (4,34), São Paulo (3,70), Espírito Santo (3,61), Minas Gerais (3,46), Rio Grande do Sul (3,42) e Paraíba (3,08).

Por região, o Sudeste é onde existe a maior concentração, com 3,76 médicos por mil habitantes e 51,1% do total de médicos (enquanto hospeda 41,7% da população). A região Norte exibe a menor proporção de médicos, 1,73, representando apenas 4,8% do contingente médico nacional, apesar de compor 8,6% da população.

A região Nordeste, com 19,3% dos médicos e 26,8% da população, apresenta uma razão de 2,22 médicos por mil habitantes, também abaixo da média nacional. O Sul, com 15,8% dos médicos e 14,8% da população, exibe uma razão de 3,27 médicos por mil habitantes, enquanto o Centro-Oeste, com 9,0% dos médicos e 8,1% da população, tem uma razão de 3,39 médicos por mil habitantes, ambos acima da média nacional.

— Este panorama sugere a necessidade de políticas públicas focadas na redistribuição de médicos pelo território nacional, com o objetivo de minimizar as desigualdades regionais no acesso à saúde. Neste contexto, é também imprescindível o desenvolvimento de uma política de recursos humanos robusta para a assistência ao SUS, enfatizando a criação de incentivos atrativos aos profissionais para sua fixação em regiões com maior dificuldade de provimento — explicou o CFM.

UPA

O Instituto Brasileiro de Políticas Públicas (Ibrapp) publicou ontem uma nota sobre o alto volume de atendimentos na pediatria da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Padre Roberto. 

— A Unidade é a única porta aberta SUS que tem atendimento pediátrico no município. Nos últimos sete dias, o atendimento pediátrico na Unidade correspondeu a cerca de 23% do total. Foram realizadas mais de 650 consultas nesta especialidade — informou. 

Atualmente, 10 crianças aguardam por uma vaga hospitalar, enquanto outras cinco estão em observação, “o que corresponde a 250% de ocupação dos leitos pediátricos”. 

— Além disso, ainda tem várias crianças aguardando a realização de exames e sendo medicadas. A nossa realidade não diverge do contexto nacional! As estações de outono e inverno trazem um aumento expressivo nas doenças respiratórias, onde crianças e idosos são a população mais acometida — acrescenta. 

Ao todo, a UPA está com 47 pacientes aguardando vaga hospitalar. 

— O IBRAPP reforça que, apesar da grande demanda, nenhum paciente ficará sem atendimento e pede a compreensão da população neste momento — conclui. 

Foto: Jornal Agora

Legenda: Elis Regina concedeu entrevista ao Agora nesta semana 

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