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Divinópolis vive situação delicada com moradores de rua 

Semas estima que cidade possua 100 pessoas nestas condições; região da rodoviária e Centro têm maior acúmulo

by JORNAL AGORA

Ígor Borges

Quem anda por Divinópolis certamente nota, seja no Centro ou bairros próximos a ele, a quantidade de pessoas sem teto, se improvisando de alguma forma. A quantidade de moradores em situação de rua espalhados pela cidade parece aumentar a cada dia. Calçadas, imóveis desocupados, praças e barracas abrigam dezenas deles. O problema é delicado, pois impacta na qualidade e segurança de muitas pessoas.

A Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) estima que são cerca de 100 no momento. No entanto, a impressão que se tem é que o número é bem maior.  O maior acúmulo ocorre em locais próximos à rodoviária e no Centro. Trabalhos de reinserção social e acompanhamento são realizados com frequência pela Prefeitura, porém, a cada dia surgem novos rostos.

Imagens mostram a triste situação dessa população, que precisa se virar para se proteger nas ruas. O Agora conheceu ainda a história da vida de um homem chamado André, que vive na Praça do Santuário. Ele contou a dura realidade de quem mora nas ruas e pede apenas respeito.

Números e localização 

O Agora conversou sobre o assunto com a secretária de Assistência Social, Juliana Coelho. Ela, por sua vez, esclareceu que há diferença entre os dados presentes no Cadastro Único e números reais de moradores em situação de rua.

— Segundo os dados do CadÚnico, a gente teria cerca de 380 pessoas circulando no nosso município, mas a gente sabe que o cadastro não está tão atualizado. Então, diariamente a abordagem faz o acompanhamento de cerca de 100 pessoas nesta situação — relatou. 

Ela completou dizendo que a população em situação de rua são aquelas pessoas que utilizam as ruas como moradia, não para uso de drogas e outras finalidades, como crime, e outras questões. 

— A gente sabe que o perfil dessas pessoas tem mudado. Às vezes elas estão nas ruas exatamente pelo fácil acesso às drogas, à criminalidade, a essa formação de grupos, o qual eles se fazem de forma fácil — pontuou.

Juliana comentou ainda que a Semas possui balanços referentes às características e localização dessa população. Ela comenta a grande presença de moradores em situação de rua nas proximidades da rodoviária e no Centro da cidade. 

— Nós temos todos esses locais mapeados, e sabemos quem são essas pessoas e como abordá-las. Por exemplo, na rodoviária, onde há grande parte desses moradores, é uma população migrante, é uma que é de fora, que está em trânsito. E no sentido centro-bairro, a gente tem os alcoolistas — ressaltou.

Empatia

Apesar das dificuldades, esses moradores necessitam de uma certa empatia da sociedade. Muitas vezes, eles têm histórias de vida que os colocam na rua, não por opção. Um exemplo disso é o André, apelidado de “baiano”, que reside na Praça do Santuário há cerca de um ano, com outros dois moradores de rua.

A equipe do Agora, juntamente com a abordagem da Semas, conversou com ele, para que ele contasse um pouco de sua história.

— Sei lá mano, a gente só tá vivendo aqui por uma questão de cabeça. É um ‘bagulho’ de cabeça. Minha mãe morreu, entendeu? Aconteceram várias coisas na minha cabeça — contou.

Ele conta que já praticou roubos no passado, mas que hoje parou com essas atitudes. Ele revelou ainda as covardias cometidas contra ele e com os outros moradores.

— Eu já roubei, já fui ladrão, mas desde 2006 não faço isso mais. Toda hora aparece gente que nem é daqui, entendeu? Causando várias coisas ruins com a gente mesmo e a culpa tá caindo em cima de nós — citou.

Por fim, ele pediu respeito.

— Eu sou de fora, mas eu respeito o lugar, entendeu? Então a gente tem que fazer o quê? Respeitar, onde você tá bem servido — disse.

Próximo a rodoviária, um morador fixou uma barraca pelo menos há um ano. Lá ele cozinha, cuida de uns jardins próximos e até planta. Banho, ele toma na rodoviária.

— Morava em Lagoa da Prata onde era casado e tinha uma vida até boa dentro  dos padrões que tinha condições. Porém, minha esposa morreu, fiquei sem  chão, pois não temos filhos. Comecei a beber para esquecer, larguei tudo e fui morar na rua — revela. 

Ele conta que já fez vários amigos, ganhou a confiança dos vizinhos e vive bem. E se um dia, conseguir comprar pelo menos uma casa popular, vai realizar o sonho de ter um lar de novo. 

Apoio e inserção social

A Semas realiza o acompanhamento dessa população de rua através de diversas formas. A primeira delas é com a equipe de abordagem social, que está nas ruas diariamente por 12 horas por dia.

— É um trabalho que leva dignidade para essas pessoas, então através do acolhimento, do atendimento, dos encaminhamentos, providenciar documentos, por exemplo, e várias outras questões. Encaminhamento para dependência química e por aí vai — explicou Juliana.

A secretária comentou ainda sobre a existência de duas casas de acolhimento/apoio, que são serviços que recebem os moradores, para que eles sejam reinseridos na sociedade. 

Outro serviço é o de atendimento ao migrante, em que é feito o contato com a família e com o município de origem. Assim, a passagem rodoviária é ofertada, para que o morador possa retornar para sua cidade natal.

Fotos: Bruno Bueno/JA

Legenda: André e outras duas pessoas residem na praça do Santuário 

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